Muita gente não gosta de jornalista. E isso se estende, é claro, aos estudantes de Jornalismo. Quando saímos para entrevistar pessoas nas ruas, percebemos que muitas delas nos evitam porque têm medo de serem prejudicadas por nós. Realizando as reportagens desta edição, observamos que há muita desconfiança das pessoas comuns em relação à capacidade da imprensa em noticiar um fato sem distorcê-lo. Ao conversarmos com leitores de jornais, é comum ouvirmos críticas muito pesadas sobre nossa futura profissão: eles dizem que jornalistas só gostam de “picuinha”; só vão aos bairros da periferia para noticiar crimes ou buracos no asfalto; humilham os pobres ao mesmo tempo em que bajulam os ricos; usam suas colunas para resolver questões pessoais; fazem propaganda comercial disfarçada de notícia; exageram nos títulos para fazer sensacionalismo e não contribuem para compreender as causas dos problemas sociais.
Essa imagem que as pessoas construíram sobre a imprensa, tal como vivenciamos ao elaborar esta edição, é um sinal amarelo para nós, estudantes de Jornalismo. O que nos inspira a estudar Comunicação Social é o desejo de contribuir para transformar a realidade. Trabalhar pelo bem comum é o princípio da vocação que nos trouxe à faculdade. Por isso, se há uma suspeita geral em relação ao compromisso social do profissional de imprensa, devemos, antes de tudo, reconquistar a confiança da sociedade através do nosso trabalho e do nosso exemplo.
No Revelação, o jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade de Uberaba, queremos experimentar um outro tipo de jornalismo, bem diferente dessa imagem que as pessoas têm da profissão que escolhemos estudar. No nosso jornal, não faremos sensacionalismo com a violência, não transformaremos o sofrimento dos outros em espetáculo. Os atos violentos serão tratados com responsabilidade e as reportagens sempre buscarão investigar as causas e as soluções para os problemas identificados. Procuraremos enxergar principalmente a violência simbólica, aquela que atua silenciosamente nas relações cotidianas e oprime as pessoas comuns, pois acreditamos que a raiz da violência está na própria estrutura da sociedade.
Nosso modelo de jornalismo não se contenta apenas em expor os fatos, mas busca interpretá-los para contribuir na reflexão sobre a cidade. Não se interessa pelo pitoresco, mas procura identificar as contradições de uma sociedade desigual. Não pretende denunciar para depois simplesmente “lavar as mãos”, mas assume o compromisso de contribuir para que a sociedade possa solucionar seus problemas. Não se volta para o sarcasmo e a ironia, mas estabelece a crítica necessária para levantar questões importantes da vida social.
Este é o compromisso de uma nova geração de estudantes de Jornalismo conscientes da importância de uma imprensa de qualidade para a transformação da sociedade. E o resultado deste compromisso pode ser conferido nesta edição, que marca uma nova fase de nosso histórico jornal-laboratório.
Boa leitura. E boas reflexões.
* (Editorial escrito pelos alunos da disciplina "Jornalismo Impresso" para a nova fase do jornal-laboratório Revelação.)
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